PALAVRAS ESTRANGEIRAS INVADEM O PORTUGUÊS. ISTO É BOM OU MAU?



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Primeiro de tudo, é importante que se saiba a diferença entre estrangeirismo e empréstimo. Grosso modo, o primeiro se caracteriza a partir da incorporação de uma palavra estrangeira ao vocabulário de uma língua mantendo sua grafia e pronúncia, já, no segundo caso, trata-se da incorporação de uma palavra ao nosso léxico que, ainda que mantenha a pronúncia (ou algo bem próximo), sofre alterações para assumir a escrita da língua em que acaba de se inserir.



Posto isso, temos casos de empréstimos como abajur, futebol, bife, sinuca, blecaute e vai por aí. Do lado dos estrangeirismos, temos shopping, show, hall, pizza (a grafia pítiça até já foi proposta por um gramático, mas ninguém usa com medo de linchamento). O fato é que todo empréstimo, de certa forma, um dia, foi um estrangeirismo e, não havendo, na língua em que ele se insere, uma palavra com a mesma carga semântica e emprego contextual, ele é bem-vindo.



Mas, então, é bom ou mau?



Em se tratando de língua (assim como em tudo) estes conceitos polarizadores são completamente descabidos. É bom e mau ao mesmo tempo ou, na minha visão, nem uma coisa nem outra. Agora é que confundiu, né?

O fato é que as palavras só entram e ficam definitivamente em uma língua quando não há um termo que expresse o referente indicado por ela com a mesma expressividade e pertinência. Foi assim com abajur, com futebol, com sinuca.. Não tínhamos nenhuma dessas coisas com a carga de significação que lhe é atribuída hoje, logo, recebemo-las assim como as palavras que as designavam.



Então qual é o problema?



Basicamente dois. Da parte de quem pretende regular a língua com leis que proíbem palavras de origem estrangeira, constitui um desconhecimento de que nossa língua é formada a partir de línguas estrangeiras (Latim, Tupi, Iorubá, francês, inglês, Italiano entre outras) e que, com o tempo, o próprio idioma possui um processo natural de seleção de palavras que descarta o que lhe é excessivo.



Da parte de quem abusa também é problemático. Vejo garotas que procuram blusas pink, para ficar in, já que, hoje, acordou tão down. Rapazinhos que, quando vão para night com seu brother, curtem um som hard core… No serviço, há pessoas que estartam projetos, fazem back up dos papers que estão workstation e terminam com um coffee break, Salvo em seu Day offs, of course.



Na intenção de estarem em harmonia (sic) com a linguagem de seu grupo, as pessoas se expõem ao ridículo lingüístico. Uma espécie de tentativa insana de falar de forma a se sentir dominador de uma variante privilegiada. E o mais engraçado é que muitas dessas pessoas só conhecem essas e mais uma meia dúzia de palavras em inglês.



Estrangeirismos não são monstros que devem ser banidos da nossa língua. Muito pelo contrário. Todavia, como diz o aviso nas garrafas de cerveja: aprecie com moderação.


Quer ler mais: http://gepoteriko.pbworks.com/w/page/7938937/FOREIGN%20WORDS

Marcelo Leite - Doutor em Língua Portuguesa pela UFRJ, professor, pesquisador, Coordenador do Curso de Letras da USS e Diretor do CEFLCH.

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